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Giardia

Giardia é um protozoário que acomete mais comumente animais jovens e que convivem em grupos. Apesar da alta prevalência, nem todos animais apresentam a doença clínica. Mesmo assim, a giardíase tem importância epidemiológica por possuir um elevado potencial zoonótico

A Giardia é um protozoário flagelado binucleado, presente no trato intestinal dos humanos e de vários animais mamíferos no mundo inteiro. Estudos em cães revelam uma prevalência de 10% a 20% em animais bem tratados As maiores prevalências são encontradas nos animais jovens, principalmente até um ano de idade, encontrando-se de 26 a 50% de animais parasitados; e em canis, onde o parasita pode ser encontrado em até 100% dos animais. Apesar da alta prevalência, nem todos os animais apresentam a doença clínica.

 A contaminação ocorre por via oro-fecal, ou seja, através da ingestão de cistos eliminados nas fezes dos animais, presentes no meio ambiente, na água, nos alimentos; ou ainda de cistos aderidos à pelagem dos animais.

 

·        Transmissão

As taxas de infecção são altas nas áreas onde existem grandes populações de humanos e animais, devido a maior oportunidade de transmissão direta e indireta da enfermidade. A ingestão de somente 10 cistos é capaz de causar a infecção. A maior prevalência das infecções por Giárdia ocorre entre os indivíduos jovens, sem resistência imunológica, e que são mais suscetíveis à ingestão de material fecal. Também aumenta a suscetibilidade quando o hospedeiro não recebeu imunidade passiva materna suficiente, quando apresenta alguma enfermidade concorrente, estresse ou nutrição inadequada. Estas observações indicam que a Giárdia é um parasita que pode ser transmitido facilmente entre as espécies animais e que os animais infectados podem funcionar como reservatórios para a enfermidade no humano.

 

As fontes de infecção mais comuns são água e fezes contaminadas. A transmissão fecal-oral de Giárdia é comum tanto em animais como em humanos; os animais em confinamento podem estar expostos a grandes quantidades de cistos infectantes no material fecal, o qual aumenta as possibilidades de transmissão da enfermidade. A coprofagia, comum em animais, é uma via significativa de auto-infecção e amplifica a disseminação da enfermidade nas populações. A contaminação de efluentes com fezes de animais infectados pode favorecer a disseminação em humanos e animais; os cistos de Giárdia podem sobreviver em água durante vários meses.

 

O ciclo da Giardia é direto, e relativamente simples. O animal se infecta ao ingerir o cisto, que poderá estar presente em alimentos ou em água contaminada. Ao atingiram o estômago e o duodeno, os cistos são rompidos pela ação das enzimas gástricas e pancreáticas. Cada cisto libera dois trofozoítos que irão colonizar o Intestino Delgado do hospedeiro. Sob condições apropriadas estes trofozoítos são novamente transformados em cistos. Cada um destes novos cistos poderá romper-se no próprio hospedeiro liberando dois novos trofozoítos, ou então ser eliminado nas fezes, após um período de pré-patência de 1 a 2 semanas. Uma vez no meio ambiente, os cistos podem ser novamente ingeridos pelo hospedeiro, completando o ciclo.

 

·        Sinais Clínicos

Os sinais clínicos podem ser severos, mas uma grande parcela dos infectados pode permanecer assintomática, e os animais jovens são os que, mais freqüentemente, desenvolvem os sintomas. Os sinais clínicos da giardíase incluem diarréia mal cheirosa aguda ou crônica, vômitos, dor abdominal. desidratação e perda de peso.

 

·        Diagnóstico

Em casos de diarréia, o diagnóstico pode ser direto através da observação de esfregaços de fezes frescas. Este não é um método de grande sensibilidade, entretanto trofozoítos móveis podem ser visualizados em microscópio de luz. Segundo dados de literatura, menos de 20% das infecções são diagnosticadas através deste médodo.

 

Métodos de flutuação são os mais indicados, sendo o sulfato de zinco a 33% a solução mais eficaz.

Quando suspeita-se de Giardia, o resultado negativo de uma única amostra não é conclusivo, devendo-se examinar pelo menos três amostras em um intervalo de uma semana, pois uma das características da giardíase é a eliminação intermitente de cistos pelas fezes.

Teste imunoenzimático, tipo ELISA.

 

 ·        Tratamento

Os agentes quimioterápicos incluem os nitroimidazóis (metronidazol, tinidazol), furadolizona, benzimidazóis (febendazol, albendazol) entre outros.

 

O mais comum é que a base do tratamento da giardíase seja eliminar os sinais clínicos associados com a infecção. Além disso, os animais assintomáticos colonizados com o parasito, também requerem tratamento, pois a infecção pode gerar um aumento na susceptibilidade a outras enfermidades e/ou reduzir o ganho de peso e a eficiência alimentar. Os animais infectados, que estão em contato direto com os humanos ou com seu meio ambiente, devem ser tratados.

 

Nos animais, freqüentemente ocorre a reinfecção, se os cistos infectantes não são retirados do ambiente. Isto implica em uma limpeza e desinfecção profundas sempre que possível, além de assegurar que a água e o alimento não se contaminem com as fezes.

 

Algumas drogas utilizadas no tratamento da Giardíase e suas respectivas posologias estão resumidas no quadro: 

Droga

Hospedeiro

Dosagem

Duração do Tratamento

Metronidazole

Cães

25 mg/Kg BID

5 dias

 

Gatos

12,5 a 25mg/Kg BID

5 dias

Fenbendazole

Cães

50mg/Kg/dia

3 dias

Albendazole

Cães/ Gatos

25mg/Kg BID

2 dias

Furazolidona

Gatos

4 mg/Kg BID

5 a 10 dias

Quinacrina

Cães/ Gatos

6,6 mg/Kg BID

5 dias

Quadro 2: Principais drogas utilizadas no tratamento da Giardíase (adaptado de BARR et al., 1994).

 

 

 ·        Profilaxia

Em virtude da dificuldade em se tratar a Giardíase, juntamente com a grande quantidade de animais portadores assintomáticos mesmo após o tratamento, o controle torna-se importante para diminuir o estabelecimento de novos casos, especialmente em canis e gatis.

O controle efetivo baseia-se em três pontos principais: desinfecção do meio ambiente, desinfecção dos animais e prevenção da reinfecção.

Previamente à descontaminação do ambiente deve-se retirar toda a matéria orgânica do local. Água fervente ou uma solução de amônia quaternária (deixando agir por 30 a 40 minutos) poderão ser utilizadas na desinfecção do local. Como a Giardia é pouco resistente em locais secos, o ambiente deverá estar completamente seco antes da reintrodução dos animais. Ambientes com grande exposição à luz solar podem favorecer o controle da doença.

Os animais devem ser banhados antes de voltar ao local. Isto implica em lavar o animal com xampu, visando a remoção dos cistos aderidos à pelagem

Para evitar-se novas infecções deve-se evitar a reintrodução do parasito. Para tanto, todos os novos animais deverão ser mantidos separados, tratados para a Giardia e limpos antes de serem introduzidos na criação.

Um pedilúvio com uma solução de amônia quaternária deverá ser colocado na entrada do estabelecimento. Deve-se também verificar e assegurar a qualidade da água utilizada no local.

Em canis com alta incidência de Giardia é recomendada a realização sistemática de exames parasitológicos antes, durante, e após qualquer tratamento.

 ·        Saúde Publica

O potencial zoonótico da Giardia spp. ainda não é certo. Porém, existem fortes evidências que o homem possa contaminar os animais e vice versa. Quando  houver esta suspeita, tratar os animais e educar os proprietários, em especial as crianças, para as boas práticas de higiene.

Fonte: Aletéia do Rocio Senger  CRMV 5301 PR

 Referências
(1)  DUBEY, J.P. Intestinal protozoa Infections. Small Animal Practice, 23(1): 37-55, 1993.
(2) FERREIRA, A.J.P; DELL´PORTO, A. Agentes antiprotozoários, In: SPINOSA, H.S; GÓRNIAK, S.L.; BERNADI, M.M. Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária, Guanabara Koogan, 2a ed: 467-79, 1999.
(3) Giardíase - Boletim Técnico. Fort Dodge Saúde Animal.
(4)CEPAV- Tecnologia
em Saúde Animal

 

 

 

Fonte: Aletéia do Rocio Senger CRMV 5301 PR

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