A ESCOLHA DA RAÇA Como noutros casos, é o primeiro elemento a ter em conta.
Muitas pessoas, sob o pretexto de terem possuído cães de uma determinada raça durante todo a vida, persistem mesmo quando avançam na idade.
Acaba por chegar um momento em que o dono dá conta que envelheceu, e de que já não pode acompanhar qualquer tipo de cão. O pior é quando ouvimos dizer em jeito de lamento: “Ah, os cães desta raça antigamente eram melhores, mais ajuizados...”. Com efeito, os cães evoluem muito pouco e, quando isso acontece, tanto melhor.
Os criadores trabalham para obter melhores cães de companhia. É o dono que mudou, que envelheceu, que tem menos paciência, menos força física. Ocupar-se de um cão jovem é como se ocupar de crianças, é fatigante! Então que raça escolher? Uma raça conhecida pela sua calma, mais sobretudo um exemplar calmo.
E, porque não, se se pretender ficar por uma raça específica, um cão adulto, obtido num criador, onde por vezes se encontram antigos campeões e antigos reprodutores? São normalmente animais que apreciarão mais passar a segunda metade da sua vida num lar acolhedor e calmo. Atenção, o tamanho não é obviamente o único fator a ter em conta.
Certas raças pequenas são verdadeiras bombas de energia e potência, não sendo aconselháveis exemplares jovens das mesmas, mas sim já com alguma idade.
AS PRIORIDADES DA EDUCAÇÃO Alguns pontos parecem primordiais para que a presença de um cão junto de um idoso seja uma fonte de prazer e não de tensão: não puxar, não saltar, saber estar num determinado local e vir ao chamamento. Claro que se esperam as mesmas qualidades de um cão destinado a pessoas jovens, mas elas são prioritárias com donos idosos.
Não puxar: é essencial para evitar qualquer risco de queda do dono. Não tendo este os meios físicos para recuperar o seu cão, deve-se virar para outra coisa: um material adaptado, tipo enforcador, que permita sujeitar o cão com um mínimo de esforço, ou trabalhar com brandura, captando e mantendo a atenção do cão através da palavra, ou utilizando uma motivação do gênero guloseima ou croquete.
Trata-se de substituir a força pela persuasão, o que é na realidade uma boa solução para todos.
O “não salta” é igualmente uma noção primordial para os donos idosos já que o seu sentido de equilíbrio se encontra muitas vezes afetado, podendo ser extremamente graves as conseqüências de uma queda. Uma vez mais, será de privilegiar uma técnica mais doce do que o tradicional “empurro-te secamente”.
Ignorar desde o início e sem exceção o cão que salta, é aplicar o método da extinção que funciona muito bem e mais rapidamente do que se imagina, por pouco rigoroso que seja.
Claro que, paralelamente, para uma maior eficácia, se deve recorrer a recompensas quando o cão se porta bem, ou seja, quando fica com as quatro patas no chão (eventualmente sentado).
Os cães compreendem rapidamente onde reside o seu interesse e os donos ficam felizes por poderem no mínimo prestar atenção ao seu animal. Ficam todos satisfeitos.
Saber ficar no local que lhe foi destinado permite ao cão acompanhar o seu dono por todo o lado, não tendo que ficar isolado em caso de visitas. Não é necessário utilizar a força ou a brutalidade para o conseguir, bastando a perseverança. Uma vez definido o local pretendido, é necessário reconduzi-lo sempre que se afaste. Não se esqueça de o felicitar sempre que ele lá fique. Felicitações razoáveis a fim de não o perturbar e de não lhe dar um pretexto para se mexer.
Para além disso, se o cão aproveita a mais pequena solicitação, deve ser sempre reconduzido calmamente ao seu lugar. Utilize sempre a mesma ordem para ajudar o cão a compreender o que se espera dele.
Finalmente, o chamamento permite soltar o seu cão com toda a segurança, evitando grandes corridas ao dono (que ele não pode fazer) ou simplesmente longas esperas sempre irritantes e fatigantes. Neste caso, não há segredos, para os jovens e os menos jovens a regra básica continua a ser a seguinte: o regresso deve ser sempre positivo para o cão. Se este souber que será acolhido com carícias e guloseimas e que não será condicionado e posto à trela, porque é que não deverá voltar? Seja portanto atraente para o seu cão e ficará surpreendido ao vê-lo saltar para os seus braços.
Duas pequenas astúcias suplementares: parta sempre na direção contrária já que ninguém por melhor desportista que seja consegue acompanhar um cão em corrida!!! Outro meio para recuperar mais facilmente o seu cão: equipa-lo com uma guia comprida. Esta grande corda que o cão puxa atrás de si pode ser bloqueada se lhe puser um pé em cima. Atenção contudo aos mais frágeis, uma vez que é sempre possível acontecer uma queda. Fonte: Revista Os Nossos Cães. A Revista da Canicultura Portuguesa. Revista Mensal – n° 58 – Outubro 2005, págs. 20-22.
Fonte: Revista Os Nossos Cães. A Revista da Canicultura Portuguesa. Revista Mensal – n° 58 – Outubro 2005, págs. 20-22.